O ovo de páscoa mais precioso.
Eu não ligo pra ovos de Páscoa há muito tempo.
Numa rápida ida ao supermercado mais próximo, reparei atrás de mim, na fila, um menino de quase onze anos com um único produto em mãos: ovo de chocolate. Dos bem pequenos e sem os personagens infantis pop de hoje.
Pela sua aparência, era mais um daqueles meninos que ficam na porta do supermercado pedindo trocados.
Meu pensamento nele foi cortado por lembrar de algo que precisava levar. Toquei no ombro do menino e olhando pra ele disse que já voltava.
Enquanto embalava as compras ouvi o barulho de várias moedas e logo ouvi o menino perguntando a moça do caixa:
- Tá certo?
Estava.
Ao sair, ouvi um "tchau!", e quando me virei vi o menino com mais um outro sentados à porta com o seu ovinho de chocolate já sendo devorado; e o sorriso. Um sorriso verdadeiro. Pra mim.
Pensei que o sorriso era por, até involuntariamente, ter falado com ele como uma pessoa comum, e não pelo seu estereótipo.
Aquele tchau e seu sorriso me vêm à memória e eu quero me sentir uma pessoa melhor por ter despertado isso no menino. Mas, na verdade,não sou eu que sou melhor, ele que é igual a mim.
Mesmo que ele tenha juntado dinheiro e enfrentado a fila pra comprar o seu ovo de Páscoa.
Porque ele liga.
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