Diário da quarentena - 24ª Semana

setembro 03, 2020

 b l o o m

Domingo à tarde eu desci pra área externa do prédio, pra tomar um sol e ver um pouco do mundo lá fora. De máscara, com álcool gel e pedaços de papel toalha pra abrir as portas dos elevadores. O céu estava lindo, bem azul, pássaros cantavam, o calor do sol estava agradável e tinha um ventinho gostoso. Eu estava de máscara. Dentro do prédio. O porteiro estava de máscara. As pessoas em seus carros pela rua estavam de máscara, e eu me dei conta de que não é que um novo normal vai vir pós pandemia. Ele já veio. 

De repente me dei conta que aquilo não me assustava mais e eu já estava, de certa forma, adaptada a aquilo, ou seja, já considero normal. Claro que não é agradável e a lembrança da liberdade de 6 meses atrás até tortura diante da realidade atual, mas já entendi o que se passa, como devo proceder e até mesmo vejo o mundo por trás da máscara e agradeço por isso. Por sentir o sol e o vento e ouvir os pássaros, por ver o porteiro de máscara, mesmo que nossa relação seja de cumprimentos e algumas palavras a mais quando vou pegar encomenda. 

Nos primeiros 3 meses tudo era absurdamente assustador. Era tudo novo. Aprendemos sobre quarentena e pandemia na prática, agora já entendo. E volto a comparar essa situação com o luto. Quando você perde alguém de início é horrivelmente difícil e existe a dúvida de como sobreviver com essa situação; até que o tempo passa e você aprende a lidar com aquilo. Era melhor antes? Sem dúvida. Mas você aprende a lidar, e a viver com isso. 

As coisas estão voltando, de um jeito estranho, mas estão. O programa do Faustão que passou meses apenas com o apresentador em sua casa chamando vídeos antigos, voltou no último domingo sem plateia e com as dançarinas de máscara. Todas elas com figurino e máscara pretos foi um pouco assustador de ver, confesso. Ok, 'assustador' foi forte, mas com certeza foi estranho. E até incômodo. Mas este é o nosso normal, agora.

Felizmente, em detrimento ao motivo do luto, as coisas podem voltar a como eram antes do Covid 19. Sem máscaras, sentindo o sol e o vento no rosto, agradecendo mais ainda por ver e sentir o mundo lá fora.

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