A culpa é minha - então eu coloco ela em quem (e no que) eu quiser!
Essa frase definitivamente é muito mais uma autodefesa cheia de culpa que uma grosseria. Definitivamente é!
A culpa é minha, eu sei. Mas pra que antes de me desculpar com o outro eu me desculpe comigo mesma - e aqui considero o desculpar literalmente como tirar a culpa - eu escolho culpados. Ou melhor, me justifico atribuindo a outros a minha responsabilidade.
E é bem difícil se ter responsabilidade num mundo que parece tirar o nosso foco a todo o tempo. Na verdade eu me sinto sempre superficial, já que minha atenção está sempre meio dividida. E o maior culpado é o celular. Ou melhor, a internet nele.
Antes eu culpava minha falta de tempo, mas depois da pandemia seria muito difícil acreditar nessa desculpa já que a gente ficou tanto tempo parado e ainda assim não deu conta de tudo o que achava que daria se tivesse mais tempo. Mas agora eu culpo o celular, ponto.
Inegável que ele distrai e tira o foco. A gente está sempre de sobreaviso esperando uma notificação que as vezes nem se sabe qual é pra fazer sentido esperá-la, como se nos achássemos sempre mais importante do que somos de fato.
Mas independente de ter mesmo coisas a ver no celular ou não, a verdade é que a gente aproveita e usa ele como a desculpa perfeita pra não fazer aquilo que a gente pretendia. E o tempo que a gente usaria pra fazer o que era pra estar fazendo, acaba sendo usado pra procrastinar.
E se desculpar.
E se culpar.
Eu sei que a culpa é minha, da minha falta de organização e até de força de vontade de certa forma. Mas é difícil assumir e lidar com essa responsabilidade, reconhecer que a gente não faz por causa da gente mesmo. Então, uso a frase feia, pequena, sem a menor credibilidade e ridícula que poderia usar nesse momento: a culpa é minha, então coloco ela em que/quem eu quiser!
P.S.: E acabei de perceber que usei muito o termo "a gente". Outra forma de amenizar a minha culpa considerando que eu não seja a única nesse rolê.
Nenhum comentário: