Diário da Quarentena - 1ª semana

março 24, 2020
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Quando ouvi do Coronavírus pela primeira vez me assustei como quem se assusta por algo distante que afeta pessoas que você nunca sequer irá conhecer na vida. Mas chegou aqui, e trouxe consigo um apocalipse!
Sintomas de gripe, eles dizem, mas de contágio muito rápido e grave para idosos, asmáticos, diabéticos e etc.
- Lavem bem as mãos, usem álcool gel, não toquem olhos, nariz e boca, não cumprimente com beijo ou aperto de mão. Sem vacina, sem remédio e apenas uma solução: quarentena. Fiquem em casa!

Ok, fiquem em casa, eu costumo ficar em casa, ok. Mas não foi nada típico. Nada ok.

Surto 1: NÃO POSSO SAIR.  Eu sou obrigada a ficar em casa, não posso pensar em ir a lugar algum, fazer o que quer que seja, porque não posso sair.

Surto 2: MINHA MÃE.  Meu Deus, a mulher ficou paranóica! Não pára de limpar nada um minuto sequer, fica controlando todo mundo pra que não coloque a mão no rosto, pergunta a toda hora se algo está certo ou errado em relação as recomendações do Ministério da Saúde.

Surto 3: SAÚDE MENTAL  Só se fala em Coronavírus. TV e internet. Jornal, programa de fofoca, Big Brother Brasil, stories de blogueirinha, mensagem no whatsapp, portais de notícia. Só sobre prevenção, quarentena, o aumento dos números de contagiados e mortes. O único assunto em qualquer lugar que seja.

Surto 4: PRAZO INDETERMINADO  Não temos prazo pro fim da quarentena. Já se falou de 15 dias, 3 meses e até mesmo em final de setembro (estamos em março!).

Surto 5: EFEITO CASCATA  Shoppings, academias, cinemas, bares e restaurantes, escolas, empresas... tudo fechado. Demissão em massa, corte nos salários, empresas ameaçadas de fechar. Show cancelados, festivais cancelados, provas canceladas, Olimpíadas canceladas, novelas da Globo suspensas, programas de auditório sem platéia.

É sur-re-al! Completamente surreal. Parece situação de filme apocalíptico (estará Jesus voltando?).

Não sei quando verei o mar de novo, quando terei a alegria de tomar um sorvete, quando farei minhas sobrancelhas, quando irei ao cinema, quando visitarei lojas de bijuterias, quando terei um happy hour num restaurante legal, quando sairei do home office de volta pra empresa, quando verei familiares e conhecidos, quando programarei algo fora de casa. Coisas totalmente triviais de uma vida que sempre considerei tediosamente pacata. Até agora.

É bizarro, é surreal e estou reprogramando minha mente pra me convencer que é um daqueles feriados prolongados que acabei ficando em casa. Tem ajudado. Espero em breve poder rir de tudo isso, e nem precisa ser em Paris.





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