Diário da quarentena - 4ª semana
Nunca imaginaria que em pleno século 21 fosse acontecer uma pandemia e que eu fosse vivenciá-la. E apesar de não lembrar de ter assistido a nenhum filme moderno sobre o tema, acredito que todos passaram longe do que estamos de fato vivendo. Ainda assim, se eu lesse a sinopse desse nosso filme da vida real, acharia ridiculamente fantasioso. Imagina só: com nossa tecnologia e medicina tão avançadas um vírus conseguir parar o mundo sem data pra ir embora sendo capaz de suspender festivais de música tradicionais, as Olimpíadas, estréia de blockbusters.. E tudo isso a efeito mundial! Não apenas pessoas mais pobres ou anônimos, mas literalmente todo o mundo! Nunca que algo assim poderia acontecer! Pois bem...
E o pior de tudo isso é que além de não saber quantos dias faltam, quando cessar as coisas não serão como eram. A rotina de trabalho, eventos com muitas pessoas, uma ida ao cinema, aquela viagem programada.. A resposta parece sempre ser não.
Um mês. Hoje faz exato um mês que estou em quarentena e começo a perceber que pareço estar me adaptando a essa situação, como se esquecesse o que está se passando e essa começasse a ser a minha definição vida normal. Quando lembro coisas do passado (seja uma ida ao mercado ou um dia na praia) que me dou conta.
Vim de uma semana difícil e nessa tenho conseguido não pensar nos meus planos para o futuro. Já parou pra observar que todos os nossos sonhos envolvem a necessidade de estar fora de casa? Seja fazer uma faculdade, uma viagem ao exterior ou até mesmo arrumar um namorado. E a ideia de não poder realizar seus planos é assustadoramente horrível!
Sair para jantar no dia do aniversário é algo comum e até simples, mas que não sei se poderei fazer esse ano - e não gosto nada de comemorar meu aniversário em casa. É bobo, eu sei, mas percebe como mesmo as coisas mais bobas parecem tão distantes? E até impossíveis? Acho que entristece mais ainda o fato de ser tão simples e ainda assim não poder ser feito.
Desculpa, juro que é apenas um desabafo e não quero te deixar mal! E apesar dessas minhas divagações pesarosas do mensário da quarentena - que humor negro, Bárbara -, estou numa boa semana e me apegando ao hoje e ao que faz meu dia bom. Hoje por exemplo foi comer um Batom de sobremesa e assistir ao Homem Formiga.
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